sexta-feira, 22 de junho de 2012

Beato João Paulo II



Beato Papa João Paulo II (em latimIoannes Paulus PP. II, em italianoGiovanni Paolo II, em polacoJan Paweł II, nascido Karol Józef Wojtyła18 de Maio de 1920 – 2 de Abril de 2005) foi o papa e líder mundial da Igreja Católica Apostólica Romana e Soberano daCidade do Vaticano de 16 de Outubro de 1978 até a sua morte. Teve o terceiro maior pontificado documentado da história; depois dos papas São Pedro, que reinou trinta e quatro anos, e Papa Pio IX, que reinou por trinta e um anos. Foi o único Papa eslavo e polaco até a sua morte, e o primeiro Papa não-italiano desde o holandês Papa Adriano VI em 1522.
João Paulo II foi aclamado como um dos líderes mais influentes do século XX. Teve um papel fundamental para o fim do comunismo na Polónia e talvez em toda a Europa, bem como significante na melhora das relações da Igreja Católica com o judaísmo,IslãIgreja Ortodoxa, e a Comunhão Anglicana.Apesar de ter sido criticado por sua oposição à contracepção e a ordenação de mulheres, bem como o apoio ao Concílio Vaticano II e sua reforma das missas, também foi elogiado.
Foi um dos líderes que mais viajaram na história, tendo visitado 129 países durante o seu pontificado. Sabia se expressar nos seguintes idiomas: italianofrancêsalemãoinglêsespanholportuguêsucranianorussoservo-croataesperantogrego clássico elatim, além do polaco, sua língua nativa. Como parte de sua ênfase especial na vocação universal à santidade, beatificou 1340 pessoas e canonizou 483 santos, quantidade maior que todos os seus predecessores juntos pelos cinco séculos passados. Em 2 de abril de 2005, faleceu devido a sua saúde débil e o agravamento da doença de Parkinson. Em 19 de Dezembro de 2009 João Paulo II foi proclamado "Venerável" pelo seu sucessor papal, o Papa Bento XVI. Foi proclamadoBeato em 1 de Maio de 2011 pelo Papa Bento XVI na Praça de São Pedro no Vaticano.

História pessoal

Karol Józef Wojtyła nasceu em Wadowice, uma pequena localidade ao sul da Polónia, a 50 quilómetros de Cracóvia; o mais novo dos três filhos de Karol Wojtyła, um polonês. e de Emilia Kaczorowska, que é descrita como tendo ascendência lituana e, possivelmente, ucraniana. Emília morreu em 13 de abril de 1929, quando Karol tinha apenas 8 anos de idade. Sua irmã mais velha, Olga, já tinha morrido antes de seu nascimento, e ele ficou muito próximo de seu irmão Edmund, que era 14 anos mais velho e era chamado de Mundek. O seu trabalho como médico eventualmente o levaria à morte por escarlatina, o que deixou Karol muito abalado.
Ainda garoto, Karol demonstrou interesse pelos esportes, geralmente jogando futebol na posição de goleiro. Durante a sua adolescência, ele travou contato com a grande comunidade judaica de Wadowice e os jogos de futebol eram disputados entre os times de judeus e católicos, com Wojtyła muitas vezes jogando ao lado dos judeus.
Em meados de 1938, Karol e seu pai deixaram Wadowice e se mudaram para Cracóvia, onde ele se matriculou na Universidade Jaguelônica. Enquanto ele se dedicava ao estudo de tópicos como filologia e diversas línguas na universidade, Karol também se prontificou como voluntário na biblioteca, além de ter sido obrigado a participar no alistamento obrigatório, servindo na chamada "Legião Acadêmica". Contudo, ele se recusou a atirar. Ele ainda participou de diversos grupos teatrais, atuando principalmente como dramaturgo. Foi nesta época que o seu talento para as línguas floresceu e ele aprendeu 12 línguas diferentes, nove das quais ele usaria extensivamente no futuro como papa.
Em 1939, as forças de ocupação da Alemanha Nazista fecharam a Universidade Jaguelônica após a invasão da Polônia no início da Segunda Guerra Mundial. Todos os homens capazes foram obrigados a trabalhar e assim, de 1940 até 1944, Karol trabalhou em empregos tão diversos como mensageiro para um restaurante, operário numa mina de calcário e para a indústria química Solvay, tudo isso para evitar ser deportado para a Alemanha. Seu pai, um suboficial no Exército da Polônia, morreu de ataque cardíaco em 1941, deixando Karol como o último sobrevivente de seu grupo familiar imediato. "Eu não estive presente na morte de minha mãe, nem na do meu irmão e nem na do meu pai", ele disse, refletindo sobre esta época de sua vida, quase quarenta anos depois, "Aos vinte, eu já tinha perdido todos os que amava".
Após a morte de seu pai, ele começou a considerar seriamente a ideia do sacerdócio. Em outubro de 1942, ele bateu às portas do palácio arcebispal de Cracóvia e pediu para estudar.Logo em seguida ele começou a ter aulas no seminário clandestino comandado pelo arcebispo de CracóviaAdam Stefan Sapieha.
Em 29 de fevereiro de 1944, Karol foi atropelado por um caminhão nazista. O oficial alemão da Wehrmacht cuidou dele o enviou para um hospital, onde Karol passou duas semanas se recuperando de uma concussão séria e um ferimento nos ombros. Para ele, o acidente e a sua sobrevivência foram a confirmação de sua vocação. Em 6 de agosto de 1944, o chamado "Domingo Negro", a Gestapo juntou os homens de Cracóvia para evitar uma rebelião similar à anterior, ocorrida em Varsóvia. Karol escapou se escondendo no porão da casa de um tio na rua Tyniecka, número 10, enquanto as tropas alemãs vasculhavam os andares superiores. Mais de oito mil homens e rapazes foram levados presos naquele dia, mas Karol conseguiu depois escapar para o palácio do arcebispo, onde ele permaneceria até a retirada dos alemães.
Na noite de 17 de janeiro de 1945, os alemães fugiram da cidade e os estudantes puderam retomar o então arruinado seminário. Karol e outros seminaristas ofereceram-se para limpar pilhas de imundíces congeladas que se acumularam nas latrinas. Karol também ajudou uma garota judia de 14 anos chamada Edith Zierer, que tinha fugido de um campo de trabalho nazista emCzęstochowa. Edith havia desmaiado na plataforma de trens e Karol a carregou e ficou com ela durante toda a viagem até a Cracóvia. Ela afirma que Karol salvou-lhe a vida naquele dia. A organização judaica B'nai B'rith afirma que Karol ajudou a proteger muitos outros judeus poloneses dos nazistas, além de ter priorizado a amizade com os judeus.
Após a guerra, enquanto vivia na Cracóvia, Karol envolveu-se em uma perseguição de motocicletas em alta velocidade, escapando por pouco da polícia polonesa.

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Sacerdócio

Ao terminar os estudos no seminário de Cracóvia, Karol foi ordenado padre em 1 de novembro de 1946, Dia de Todos os Santos, pelo seu protetor, o arcebispo de Cracóvia Adam Sapieha. Ele então foi estudar Teologia em Roma, na Pontifícia Universidade Santo Tomás de Aquino, onde ele conseguiu a sua licenciatura e, posteriormente, o doutorado em Teologia[12] (o primeiro), com a tese A Doutrina da Fé segundo São João da Cruz.
Ele retornou para a Polônia no verão de 1948 com sua primeira tarefa pastoral na vila de Niegowić, a 24 quilômetros de Cracóvia. Chegou à vila na época da colheita e a sua primeira ação foi se ajoelhar e beijar o chão. Este gesto, que ele adaptou do santo francês Jean Marie Baptiste Vianney. tornar-se-ia sua "marca registrada" durante o seu papado.
Em março de 1949, Karol foi transferido para a paróquia de São Floriano, na Cracóvia. Ele lecionou Ética na Universidade Jaguelônica e, posteriormente, Universidade Católica de Lublin (hoje rebatizada em sua homenagem). Enquanto lecionava, juntou um grupo de aproximadamente 20 jovens à sua volta que passaram a se chamar de Rodzinka, a "pequena família". Eles se encontravam para rezar, para discutir filosofia e para ajudar os cegos e os doentes. O grupo eventualmente cresceria até ter aproximadamente 200 pessoas e suas atividades se expandiram para incluir viagens anuais para esquiar e para andar de caiaque.
Em 1954, Karol obteve o seu segundo doutorado, em Filosofia, com uma tese avaliando a viabilidade de uma ética católica baseada no sistema ético do fenomenologista Max Scheler. Porém, a intervenção das autoridades comunistas impediu que ele recebesse o grau até 1957.
Durante este período, Wojtyła escreveu uma série de artigos no jornal católico da Cracóvia, Tygodnik Powszechny ("Semanal Universal"), que tratava com os assuntos importantes na época para a Igreja. Ele se focou em criar uma obra literária original durante os primeiros doze anos do sacerdócio. A guerra, a vida sob o comunismo e suas responsabilidades pastorais foram inspiração para as suas peças e sua poesia. Karol publicou trabalhos se utilizando de dois pseudônimos - Andrzej Jawień e Stanisław Andrzej Gruda - para distinguir sua literatura de suas obras religiosas (que eram publicadas sob seu nome) e também para que elas fossem consideradas por seus próprios méritos. Em 1960, Karol publicou o influente livro teológico Love and Responsibility ("Amor e Responsabilidade"), uma defesa dos ensinamentos tradicionais da Igreja sobre o casamento a partir de um ponto de vista filosófico novo.

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Bispo e cardeal

Em 4 de julho de 1958, enquanto Karol estava em férias, andando de caiaque nos lagos da região norte da Polônia, o papa Pio XII o elevou à posição de bispo-auxiliar de Cracóvia. Ele foi então convocado a Varsóvia para se encontrar com o primaz da Polônia, o cardeal Wyszyński, que o informou de sua nova função. Ele concordou em servir como bispo auxiliar junto aoarcebispo Eugeniusz Baziak e ele foi ordenado ao episcopado (como bispo titular de Ombi) em 28 de setembro de 1958. O arcebispo Baziak foi o principal consagrador. Os então bispos auxiliares Boleslaw Kominek (futuro cardeal-arcebispo de Wroclaw) e Franciszek Jop (futuro bispo de Opole) foram os principais co-consagradores. Com a idade de 38 anos, Karol se tornara o mais jovem bispo da Polônia. O arcebispo Bakiak viria a morrer em junho de 1962 e, em 16 de julho, Karol Wojtyła foi escolhido como vigário capitular (administrador temporário) da arquidioceseaté que um novo arcebispo pudesse ser escolhido.
Em outubro de 1962, Karol participou do Concílio Vaticano II (1962-1965), no qual ele contribuiu com dois dos mais importantes e históricos resultados do concílio, o "Decreto sobre a Liberdade Religiosa" (em latimDignitatis Humanae) e a "Constituição Pastoral da Igreja no Mundo Moderno" (Gaudium et Spes).
Ele também participou de todas as reniões do Sínodo dos Bispos. Em 13 de janeiro de 1964, o papa Paulo VI o elevou a arcebispo da Cracóvia. Em 26 de junho de 1967, Paulo VI anunciou a promoção do arcebispo Karol Wojtyła ao Colégio de Cardeais. Wojtyła foi nomeado cardeal-padre do titulus de San Cesareo in Palatio.
Em 1967, ele foi importante na formulação da encíclica Humanae Vitae, que trata das mesmas questões que impedem o aborto e o controle de natalidade. Em 1970, de acordo com uma testemunha contemporânea, o cardeal Wojtyła foi contra a distribuição de uma carta nas redondezas de Cracóvia afirmando que o episcopado polonês estava se preparando para comemorar os cinquenta anos da Guerra Soviético-Polonesa (lembrando que a Polônia estava então sob jugo soviético).

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Eleição para o papado

O recém-eleito Papa João Paulo II na varanda.
Em agosto de 1978, após a morte de papa Paulo VI, o Cardeal Wojtyła votou no conclave papal que elegeu papa João Paulo I, que aos 65 anos foi considerado jovem pelos padrões papais. João Paulo I morreu após somente 33 dias como Papa, precipitando assim um outro conclave.
O segundo conclave de 1978 começou em 14 de outubro, dez dias após o funeral do papa João Paulo I. Foi dividido entre dois fortes candidatos ao papadoCardeal Giuseppe Siri, o conservador Arcebispo de Gênova, e o liberal Arcebispo de FlorençaCardeal Giovanni Benelli, um colaborador próximo de João Paulo I.
Os defensores da Benelli estavam confiantes de que ele seria eleito, e no início da votação, Benelli estava com nove votos. Entretanto, a magnitude da oposição a ambos significava que possivelmente nenhum deles receberia os votos necessários para ser eleito, e o Cardeal Franz KönigArcebispo de Viena, individualmente sugeriu a seus colegas eleitores um candidato de compromisso: o Cardeal polonês, Karol Józef Wojtyła. finalmente ganhou a eleição na oitava votação no segundo dia, de acordo com a imprensa italiana, com 99 votos dos 111 eleitores participantes. Em seguida, ele escolheu o nome de João Paulo II em homenagem ao seu antecessor, e a tradicional fumaça branca informou a multidão reunida na Praça de São Pedro, que um papa havia sido escolhido. Ele aceitou sua eleição com essas palavras: ‘Com obediência na fé em Cristo, meu Senhor, e com confiança na Mãe de Cristo e da Igreja, apesar das grandes dificuldades, eu aceito.’ Quando o novo pontífice apareceu na varanda, ele quebrou a tradição, dizendo a multidão reunida:
Queridos irmãos e irmãs, todos estamos ainda tristes com a morte do querido papa João Paulo I. E agora os eminentíssimos Cardeais chamaram um novo Bispo de Roma. Chamaram-no de um país distante… Distante, mas sempre muito próximo pela comunhão na fé e na tradição cristã. Tive medo ao receber esta nomeação, mas o fiz com espírito de obediência a Nosso Senhor e com a confiança total na sua Mãe, a Virgem Santíssima. Não sei se posso expressar-me bem na vossa... na nossa língua italiana. Se eu cometer um erro, por favor ‘korrijam’ [sic] me...
Wojtyła tornou-se o 264 º papa de acordo com a ordem cronológica lista dos Papas e o primeiro papa não-italiano em 455 anos. Com apenas 58 anos de idade, ele foi o mais jovem papa eleito desde Pio IX em 1846, que tinha 54 anos. Assim como seu antecessor imediato, João Paulo II dispensou a traditional coroação papal e, em vez disso, recebeu a investidura eclesiástica que simplificou a cerimônia de posse papal, em 23 de outubro de 1978. Durante a sua posse, quando os cardeais estavam a ajoelhar-se diante dele para tomar seus votos e beijar o Anel do Pescador, ele levantou-se quando o prelado polonês, Cardeal Stefan Wyszyński, ajoelhou-se, interrompeu-o e simplesmente deu-lhe um abraço.

Visitas ao Brasil

João Paulo II com o cantor Roberto Carlos a 5 de Outubro de 1997, na sua quarta visita ao Brasil.
O papa João Paulo II esteve no Brasil quatro vezes, sendo três delas oficiais e uma delas, porém, permaneceu apenas no aeroporto, quando ia para a Argentina em 1982, onde fez um rápido discurso durante a escala de seu vôo no Rio de Janeiro. Na primeira, chegou ao meio-dia de 30 de junho de 1980, foi recebido pelo general João Batista Figueiredo, percorreu treze cidades em apenas doze dias, percorrendo um total de 30.000 quilômetros. Durante 12 dias João Paulo II percorreu as cidades de BrasíliaBelo HorizonteRio de JaneiroSão PauloAparecida do NortePorto AlegreCuritiba,ManausRecifeSalvadorBelémTeresina e Fortaleza. Essa visita foi marcada pela expectativa dos brasileiros em receber pela primeira vez um Papa no país e pela beatificação do jesuíta espanhol José de Anchieta, fundador da cidade de São Paulo. O Papa participou do X Congresso Eucarístico Nacional, realizado entre 30 de junho a 12 de julho 1980, em Fortaleza, no Ceará. Durante a visita, bancos e repartições públicas fecharam, teatros atrasaram os espetáculos e os esquemas rodoviários foram alterados. Essa foi uma das maiores movimentações populares já registradas no Brasil. Em pleno regime militar, defendeu a justiça social, liberdade sindical, reforma agráriadireitos humanos e educação sexual. Mas também condenou a Teologia da Libertação e o aborto. Destacou-se, na primeira visita, a música "A bênção, João de Deus", composta para a ocasião por Péricles de Barros.
A outra visita foi entre 12 e 21 de outubro de 1991, sendo recebido em Brasília pelo então presidente Fernando Collor de Mello, visitou a Irmã Dulce, em Salvador, percorreu dez capitais e fez 31 pronunciamentos, beatificou Madre Paulina e na ocasião para um público de 60 mil pessoas, o papa afirmou durante a homilia: "Soube ela converter todas as suas palavras e ações num contínuo ato de louvor a Deus. Sua conformidade com a vontade de Deus levou-a a uma constante renúncia de si mesma, não recusando qualquer sacrifício para cumprir os desígnios divinos". O Papa abordou a questão indígena, a reprovação do uso de anticoncepcionais, o problema da divisão de terras, a família e a condenação do divórcio. A visita também foi marcada pelo fato de um menino de rua de 12 anos, descalço e vestido humildemente, ter ultrapassado barreira de segurança, em Goiânia, e ter se jogado nos braços do Papa, que retribuiu o carinho com um longo abraço.
Esteve também no Brasil entre 2 e 6 de outubro de 1997, foi recebido pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. Nessa visita o Papa participou do II Encontro Mundial com as Famílias, realizado na cidade do Rio de Janeiro, ficando por quatro dias na cidade. Em seus discursos, João Paulo II condenou o divórcio, o aborto e os métodos contraceptivos. Ele abençoou o Rio Janeiro aos pés do Cristo Redentor.
Em visita à cidade do Rio de Janeiro declarou: "Se Deus é brasileiro, o papa é carioca".
Nas três visitas oficiais de João Paulo II ao Brasil, tanto o Vaticano como os Correios editaram selos comemorativos para homenagear a passagem do pontífice no país. Ao todo foram impressos oito selos pela Casa da Moeda do Brasil. Um deles em homenagem póstuma, em 2005.

Os últimos dias de João Paulo II, morte e funeral

Funeral de João Paulo II na Basílica de São Pedro.
Funeral de João Paulo II. Presidido pelo futuro Bento XVI, em Roma.
Túmulo que conteve os restos mortais de João Paulo II, até o dia 29 de abril de 2011.
Já com a doença de Parkinson muito avançada, no dia 30 de Março de 2005, surgiu à janela do seu escritório para tranquilizar os católicos, e já era muito evidente o seu estado extremamente debilitado. No último Domingo de Páscoa, o Papa ainda abençoou os fiéis, mas pela primeira vez no seu pontificado não conseguiu pronunciar a tradicional 'Urbi et Orbi'.
Em 31 de março de 2005 após uma infecção do trato urinário, o Papa João Paulo II entrou choque séptico, uma forma generalizada de infecção com febre muito alta e baixa pressão arterial, mas não foi levado para o hospital. Em vez disso, lhe foi oferecido um monitoramento medico por uma equipe de médicos na sua residência privada. Acreditou-se que isso era uma indicação para que as pessoas próximas do Papa acreditassem que ele estava se aproximando da morte; de acordo com seus desejos, queria morrer no Vaticano. Mais tarde naquele dia, fontes do Vaticano anunciaram que João Paulo II havia recebido a Unção dos enfermos por seu amigo e secretário Stanisław Dziwisz. Durante os dias finais da vida do Papa, as luzes foram mantidas acessas durante a noite em que ele estava no apartamento Papal, no piso superior do Palácio Apostólico. Dezenas de milhares de pessoas reuniram-se e mantiveram-se em vigília na Praça de São Pedro e nas ruas vizinhas por dois dias. Ao saber disso, afirma-se que o Papa disse: "Tenho procurado por você, e agora você veio para mim, e te agradeço."
No sábado, 2 de abril de 2005, em torno das 15h30min no CEST, João Paulo II falou suas palavras finais, "pozwólcie mi odejść do domu Ojca"("Deixe-me partir para a casa do Pai"), para seus assessores, e entrou em coma, cerca de quatro horas depois. A missa da vigília da Segundo Domingo da Páscoa comemorando a canonização de Sainta Maria Faustina em 30 de Abril de 2000. Ele morreu em seu apartamento privado, às 21:37 CEST (19:37 UTC) de um choque séptico e de um colapso cardiovascular circulatório irreversível, 46 dias antes de completar 85 anos. João Paulo não tinha família por perto na época que quando ele morreu, e seus sentimentos são refletidos como ele escreveu em 2000, no final de sua última vontade e testamento:
Enquanto o fim de minha vida se aproxima, volto com minha memória ao começo, aos meus pais, ao meu irmão, à minha irmã (eu nunca a conheci porque ela morreu antes de meu nascimento), à paróquia de Wadowice, onde fui batizado, à cidade que amo, aos meus colegas, amigos da escola primária, escola secundária e da universidade, até a época da ocupação, quando era um operário, e então na paróquia de Niegowic, depois em São Floriano em Cracóvia, do ministério pastoral acadêmico, ao círculo de... a todos os círculos... de Cracóvia e a Roma... às pessoas que foram confiadas a mim de uma forma especial pelo Senhor.
O Testamento do Papa João Paulo II publicado em 7 de abril revelou que o pontífice ficaria contente de ser enterrado na Polônia, mas deixou a decisão final para o Colégio dos Cardeais, que preferiram enterrá-lo debaixo da Basílica de São Pedro, honrando o pedido do pontífice a ser colocado "em terra nua". Uma missa de réquiem em 8 de abril teve um número recorde de chefes de Estado presentes em um funeral. Foi o maior encontro único de chefes de Estado na história, superando os funerais de Winston Churchill (1965) e Josip Broz Tito (1980). Quatro reis, cinco rainhas, pelo menos 70 presidentes e primeiros-ministros, e mais de 14 líderes de outras religiões participaram juntamente com os fiéis. É provável que tenha sido a maiorperegrinação do Cristianismo, com números estimados em mais de quatro milhões enlutados em Roma. Entre 250 000 e 300 000 pessoas assistiram ao evento de dentro dos muros do Vaticano.


Beatificação

Inspirado por chamadas de "Santo Subito!" ("Santo Imediatamente!") das multidões se reuniram durante o funeral, Papa Bento XVI iniciou o processo de beatificação de seu antecessor, ignorando a restrição normal que cinco anos devem se passar após a morte de uma pessoa antes do processo de beatificação poder começar.
Em uma audiência com o Papa Bento XVI, Camillo Ruini, Vigário Geral da Diocese de Roma e o responsável pela promoção da causa de canonização de qualquer pessoa que morre dentro daquela diocese, citou "circunstâncias excepcionais" e sugeriu que o período de espera poderia ser dispensado. Esta decisão foi anunciada em 13 de Maio de 2005, a Festa de Nossa Senhora de Fátima e o 24 º aniversário do atentado a João Paulo II na Praça de São Pedro.
Em 28 de maio de 2006, Bento XVI rezou uma missa para um público estimado em 900 000 pessoas na Polônia. Durante sua homilia, ele encorajou orações para a canonização precoce de João Paulo II e declarou que esperava que a canonização fosse acontecer "em um futuro próximo." Em fevereiro de 2007, relíquias do Papa João Paulo II — pedaços da batina que ele costumava vestir — estavam sendo distribuído gratuitamente com cartões de oração para a causa da beatificação.
O seu processo de beatificação foi aberto em 28 de Junho do mesmo ano. No dia 19 de dezembro de 2009 o Papa Bento XVI proclamou-o "Venerável", ao promulgar o decreto que reconhece as virtudes heróicas do Servo de Deus João Paulo II, um importante passo dentro do processo de beatificação que fica aguardando a existência de um milagre realizado pela intercessão do papa polaco.
Foi relatado que a Irmã Marie-Simon-Pierre vivenciou uma "cura completa e duradoura depois que membros de sua comunidade rezaram pela intercessão do Papa João Paulo II". Desde Maio de 2008, Irmã Marie-Simon-Pierre, então com 46 anos, voltou a trabalhar novamente em um hospital maternidade que é regido pela ordem religiosa à qual ela pertence.
"Eu estava doente e agora estou curada," ela disse ao reporter Gerry Shaw. "Estou curada, mas cabe à Igreja dizer se foi um milagre ou não."
Em janeiro de 2007, Cardeal Stanisław Dziwisz de Kraków, seu ex-secretário, anunciou que a fase chave do processo de beatificação, na Itália e Polônia, estava em fase de conclusão.
Em 8 de março de 2007, o Vicariato de Roma anunciou que a fase diocesana da causa de João Paulo II para a beatificação estava no fim. Após uma cerimônia em 2 de abril de 2007 – o segundo aniversário da morte do pontífice – a causa procedeu ao exame da comissão de leigos, membros do clero, e episcopal do Vaticano, da Congregação para as Causas dos Santos, que então iriá conduzir uma investigação própria.
No quarto aniversário da morte do Papa João Paulo, 2 de abril de 2009, o Cardeal Dziwisz disse aos repórteres que um suposto milagre havia ocorrido recentemente no túmulo do antigo Papa na Basílica de São Pedro. Um garoto polonês de nove anos de idade de Gdańsk, que sofria de câncer de rim e era completamente incapaz de andar, tinha ido visitar o túmulo de seus pais. Ao sair da Basílica de São Pedro, o menino disse-lhes: "Eu quero andar", e começou a andar normalmente.
Em 16 de novembro de 2009, um júri de revisores da Congregação para as Causas dos Santos votou em unanimidade que o Papa João Paulo II havia vivido uma vida de virtude.
Em 19 de dezembro de 2009, Bento XVI assinou o primeiro de dois decretos necessários à beatificação e proclamou João Paulo II "Venerável", no reconhecimento de que viveu heroicamente uma vida virtuosa. A segunda votação e o segundo decreto assinado reconhece a autenticidade de seu primeiro milagre (o caso da Irmã Marie Simon-Pierre, a freira francesa que foi curada da doença de Parkinson). Uma vez que o segundo decreto é assinado, o positio (o relatório sobre a causa, com a documentação sobre sua vida e seus escritos e com informações sobre a causa) é considerado como sendo completo. Ele pode então ser beatificado.
No dia 14 de Janeiro de 2011 o Papa Bento XVI aprovou o decreto sobre um milagre atribuído ao Papa Wojtyla, permitindo a sua beatificação que aconteceu em Roma no dia 1 de maio de 2011,, o Domingo da Divina Misericórdia. Desde de Junho de 2005 até Abril de 2007 foi realizado inquérito diocesano principal romano em diversas dioceses sobre a vida, as virtudes e a fama de santidade e de milagres. Em vista da beatificação, a postulação da causa apresentou ao exame da Congregação para as Causas dos Santos a cura do Mal de Parkinson da Irmã Marie Simon Pierre Normand, religiosa do Insitut des Petites Soers des Maternités Catholiques, foi relatado que ela vivenciou uma "cura completa e duradoura depois que membros de sua comunidade rezaram pela intercessão do Papa João Paulo II". Os peritos se manifestaram a favor da inexplicabilidade científica da cura e a Congregação para as Causas dos Santos emitiu uma sentença considerando milagrosa a cura da religiosa francesa, a seguir à intercessão de João Paulo II. A beatificação de João Paulo II, presidida pelo seu sucessor, é um fato sem precedentes: nenhum papa elevou às honras dos altares o seu imediato predecessor. 1 de maio é comemorado em ex-países comunistas, como a Polónia, e alguns países da Europa Ocidental países como o Dia de Maio, e o Papa João Paulo II é mais bem conhecido, entre muitas outras coisas, por suas contribuições cruciais para o desaparecimento relativamente pacífico do comunismo no Leste Europeu e na Europa Central, como atestado pelo ex-presidente soviético Gorbachev após a morte do pontífice.
Em 29 de abril de 2011, o caixão do Papa João Paulo II foi exumado da gruta debaixo da Basílica de São Pedro com dezenas de milhares de pessoas que começaram a chegar em Roma para um dos maiores eventos desde seu funeral em 2005.
No mesmo dia "Non abbiate paura" ("Não tenho medo"), a canção oficial dedicada a João Paulo II, com imagens originais e as palavras do Papa, foi lançada. A canção, de autoria de Giorgio Mantovan e Francesco Fiumanò, foi executada pelo cantor italiano Matteo Setti e é a única peça musical para a qual o Vaticano deu permissão de usar a voz de Karol Wojtyla.
Seis anos após seu falecimento, no dia 1° de maio de 2011 às 10h37 (horário de Roma), sua beatificação foi proclamada pelo Papa Bento XVI. Ele, acolhendo o pedido do vigário de Roma,Agostino Vallini, leu a fórmula latina que incluiu o papa polaco entre os beatos. Seu processo de beatificação foi o mais rápido dos últimos 700 anos, sendo o processo de canonização mais rápido até hoje o de Santo Antonio de Lisboa que foi canonizado apenas 11 meses após sua morte. A celebração de seu dia foi o dia 22 de outubro, aniversário de sua eleição ao pontificado.
A cerimónia foi acompanhada na Praça de São Pedro por mais de um milhão de pessoas, vindas de todos os continentes, com aplausos e cantos religiosos. Bento XVI celebrou a cerimónia - com paramentos que pertenceram a seu antecessor - acompanhado por cardeais presentes em Roma, como Stanisław Dziwisz e por Mieczysław Mokrzycki, ex-primeiro e segundo secretário particular de João Paulo II.
Bento XVI recebeu uma relíquia contendo o sangue de João Paulo, que lhe foi entregue por Marie Simon Pierre Normand. O milagre com que foi tocada a religiosa foi um dos fatores decisivos para a beatificação de João Paulo II. Bento XVI também declarou que o processo de beatificação foi acelerado devido à grande veneração popular por Woijtila.
A Casa da Moeda da Polônia emitiu moedas de ouro de 1000 zloty com a imagem do Papa para comemorar sua beatificação.



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